A Rede das Aldeias Históricas de Portugal (AHP) é uma das melhores formas de conhecer a região Centro do País. É composta por dez concelhos, apostados em desenvolver os valores patrimonial, social e económico de uma área superior a cinco mil quilómetros quadrados que abraça a Beira Interior Norte, Beira Interior Sul, Pinhal Interior Norte e a Cova da Beira.
“O programa das AHP tem na sua génese a criação de projectos de base socioeconómica. Porém, no presente ano, a associação iniciou uma jornada em torno de uma abordagem conceptual voltada para as indústrias culturais e criativas”, explica Ricardo Alves, presidente da direcção das Aldeias Históricas de Portugal – Associação de Desenvolvimento Turístico e presidente da Câmara de Arganil.
A região que integra os concelhos de Arganil, Belmonte, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Fundão, Idanha-a-Nova, Meda, Sabugal e Trancoso, tem conseguido reflexos positivos na valorização de monumentos e dos conjuntos edificados; instalação de infra-estruturas básicas e reabilitação urbanística; e empreendedorismo, com a criação de micro empresas e novos negócios.
Este projecto começou a desenvolver-se no II Quadro Comunitário de Apoio (QCA, 1994-1999), “centrado na promoção de recursos genuínos e diferenciadores como a história, cultura e património”, no sentido de promover e valorizar regiões em vias de desertificação e com recursos económicos frágeis.
No âmbito do III QCA (2000-2006) surgiram as “Acções Inovadoras de Dinamização das Aldeias” e, por fim, no quadro do QREN (2007-2013), sob a tutela AHP, constituída em 2007, assiste-se à valorização do património judaico.
O potencial das AHP ao nível da indústria do turismo é indiscutível. Por isso, a associação “considerou, importante fomentar o desenvolvimento de uma economia criativa, através da instalação de atelieres ‘design thinking and doing’, pensados para concertar em simultâneo o espaço de produção, comercialização e de apoio, onde o património é a fonte de inspiração”, conta Ricardo Alves.
Novos projectos ajudam a sustentar economia
No âmbito dos atelieres ‘design thinking and doing’, a associação desenvolveu o projecto-piloto “Vestir a História”, com o objectivo de testar o impacto e resultados produzidos ao nível da coesão territorial, social e económica.
Desta ideia resultou uma colecção intemporal de moda, criada pelo designer Miguel Gigante, que estará disponível em 11 lojas a nível nacional a partir de Outubro.
O atelier “Vestir a História” está a ser instalado em Belmonte, dada a tradição da indústria têxtil no concelho e o elevado número de pessoas disponíveis – o encerramento de fábricas levou para o desemprego muitas mulheres que têm o saber-fazer e podem ser integradas neste género de projectos.
“Os atelieres são um sistema aberto que fomenta a promoção de ligações nas dimensões económica e social, com a perspectiva da criação de valor económico e exponenciação da cadeia de valor do produto e da marca Aldeias Históricas de Portugal, favorecendo-se o contexto do ‘co-branding’ como plataforma de lançamento de novos produtos e ampliação de notoriedade”, explica Ricardo Alves, presidente da direcção das Aldeias Históricas de Portugal – Associação de Desenvolvimento Turístico.
Estão em curso ensaios para a constituição de um atelier do bracejo, que será instalado em Sortelha, lugar onde predomina esta actividade artesanal secular.
O bracejo é uma planta que cresce espontaneamente na natureza e serve de matéria-prima para a produção de peças utilitárias e artesanais. O objectivo é aliar a matéria-prima e a técnica artesanal à criatividade para desenvolver uma linha de mobiliário para jardins e ‘lounges’.
Aldeias Históricas
Sede: Castelo Rodrigo (serviços técnicos em Belmonte)
Actividade: desenvolvimento turístico da Rede Aldeias Históricas de Portugal
Data de início da actividade: 06/09/2007
Aldeias envolvidas: 12 (Almeida, Belmonte, Castelo Mendo, Castelo Novo, Castelo Rodrigo, Idanha-a-Velha, Linhares da Beira, Marialva, Monsanto, Piódão, Sortelha, Trancoso)
Principais projectos/investimentos: plano de comunicação e marketing, plano de animação, desenvolvimento do conceito e instalação dos atelieres ‘design thinking and doing’.